Mestre Paulo Marques

Nacionalidade: Portuguesa

Formação Académica:
Enfermeiro Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica
Mestre em Ciências de Enfermagem
Doutorando em Enfermagem
Formação em Direito

Cargos Actuais: Prof. Adjunto na Escola Superior de Enfermagem do Porto; Consultor da área de Enfermagem da Editora Lidel; Membro da CARED (Comissão da Apoio à Reflexão Ética e Deontológica) da Ordem dos Enfermeiros.

Resumo da Palestra
Tempos houve em que a formação em enfermagem surgia inevitavelmente conectada ao diagnóstico médico; cuidados de enfermagem ao doente cardíaco, ao doente respiratório, ao doente oncológico, etc. O que, numa forma mais atenuada, ainda se verifica aqui e ali. O sentido apontava para que a doença determinasse a acção de enfermagem. Silva refere que «… quando reflectimos sobre os sistemas de cuidados de saúde: não é coerente a redução das prioridades políticas em saúde às actividades de diagnóstico e tratamento das doenças. Não é coerente com o conceito assumido (da OMS) e é, em certa medida, perigosa essa redução, pois então, quando esgotadas as soluções de cuidados de saúde centradas no diagnóstico e tratamento de doenças: nada mais haveria a fazer.» (2007: 15). Coloca-se então a questão de saber se há algo mais para além disso e é importante, e por outro lado, quem poderá assumir essa tarefa.
Releva ainda para esta problemática, a criação de uma linguagem internacional e classificada, de enfermagem (CIPE), que foi traduzida para português e adoptada pelo ex-IGIF na aplicação informática SAPE, actualmente a ser utilizada por um grande número de enfermeiros, de inúmeras instituições públicas de saúde.
Meleis & Trangenstein (1994) definiram Enfermagem como o processo facilitador das transições promotoras de sentimentos de bem-estar. Como central, surge o conceito de Transição. O enfermeiro interage com o ser humano numa situação de saúde/doença que é parte do contexto sócio-cultural e que vive, de alguma maneira, uma transição real ou por antecipação. Meleis (2005) afirma que as transições são despoletadas por uma mudança no estado de saúde, no papel no âmbito das relações, nas expectativas ou nas capacidades.
É por todas estas razões, impossível falar genericamente do que deve fazer um enfermeiro, nestes casos. Exemplifiquemos então, para tornar a mensagem mais inteligível. De novo Silva (2007) refere que «há hoje a noção de que muitos doentes crónicos (por ex. oncológicos), não conseguem incorporar no seu auto-cuidado as recomendações e os planos terapêuticos aconselhados pelos profissionais de saúde.». Quando esta atitude tem por base uma decisão informada, deverão ser abandonados pelo sistema prestador de cuidados com base na raciocínio que já se fez o que havia para fazer, e que agora o problema é dele? Questiona o mesmo autor.

Referências
SILVA, A. (2007) – “Enfermagem Avançada: Um Sentido para o Desenvolvimento da Profissão e da Disciplina”. Servir. 55: 1-2, p. 11 – 20.