Prof. Doutor Jorge Oliveira

Nacionalidade: Portuguesa

Formação Académica:
2003-2006 Doutoramento em Farmacologia, FFUP, em colaboração com o Centro de Neurociências da Universidade de Coimbra, Portugal, e o Buck Institute for Age Research, Califónia, EUA
1994-2000 Licenciatura em Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP), Portugal

Cargos Actuais: Professor Auxiliar, Serviço de Farmacologia, FFUP

Trabalhos relacionados com a palestra:
Oliveira JMA, Jekabsons MB, Chen S, Lin A, Rego AC, Gonçalves J, Ellerby LM, Nicholls DG (2007) Mitochondrial dysfunction in Huntington's disease: the bioenergetics of isolated and in situ mitochondria from transgenic mice. Journal of Neurochemistry 101:241-9.
Oliveira JMA, Chen S, Almeida S, Riley R, Gonçalves J, Oliveira CR, Hayden MR, Nicholls DG, Ellerby LM, Rego AC (2006) Mitochondrial-dependent Ca2+ handling in Huntington's disease striatal cells: effect of histone deacetylase inhibitors. The Journal of Neuroscience 26:11174-86.
Oliveira JMA and Gonçalves J (2008) Increased Ca2+ vulnerability of striatal versus cortical mitochondria in intact neurons and astrocytes. In Review.

Resumo da Palestra
A doença de Huntington (HD) é uma patologia neurodegenerativa fatal, manifestando-se de forma progressiva com perturbações motoras e psíquicas profundamente incapacitantes. Presentemente, não existe qualquer cura para esta doença hereditária que afecta cerca de 1 em cada 10.000 pessoas em todo o mundo. A HD transmite-se de forma autossómica dominante, estando invariavelmente associada a uma mutação correspondente a uma expansão de tripletos CAG que codificam uma sequência de poliglutaminas na proteína huntingtina. Esta mutação é altamente instável, ocorrendo frequentemente expansões que levam a fenómenos de antecipação, i.e, o surgimento de sintomas numa idade mais precoce nos descendentes dos indivíduos portadores, ou mesmo o surgimento de casos “de novo” em famílias nas quais não havia história clínica de HD. As funções fisiológicas da huntingtina permanecem por esclarecer, mas é relativamente consensual que a expansão de poliglutaminas lhe confere propriedades tóxicas. Curiosamente, a huntingtina mutante distribui-se de forma aproximadamente equitativa pelo cérebro e, no entanto, a patologia é surpreendentemente selectiva para os neurónios do núcleo estriado, cuja destruição explica em grande parte os sintomas motores da HD. Esta selectividade para neurónios estriatais, que chegam a sofrer perdas da ordem dos 90% nas fases mais avançadas da doença, sugere que os neurónios estriatais são particularmente vulneráveis aos mecanismos de toxicidade induzidos pela huntingtina mutante. Contudo, os neurónios estriatais são também particularmente vulneráveis a outros estímulos tóxicos, como a hipoxia, hipoglicémia, isquémia, e a administração sistémica de inibidores mitocondriais, sugerindo que a HD poderá estar a amplificar e não a gerar a vulnerabilidade dos neurónios estriatais. Dada a importância das mitocôndrias para a produção de energia neuronal, bem como a manutenção da homeostase do cálcio em resposta a estímulos tóxicos, é concebível que a vulnerabilidade dos neurónios estriatais possa, pelo menos em parte, resultar do facto de possuírem mitocôndrias mais vulneráveis. Por outro lado, sabemos hoje que as células gliais, nomeadamente os astrócitos, desempenham um papel fundamental na manutenção do bom funcionamento sináptico e na protecção neuronal. Assim a presença de vulnerabilidade mitocondrial nas células gliais do estriado poderá também contribuir para a maior susceptibilidade dos neurónios estriatais.